Dia desses
estava eu divagando por alguns grupos de leitores do Facebook e me deparei com
uma postagem na qual a garota dizia que ficava doente quando via alguém
grifando ou escrevendo em um livro. Fiquei me perguntando: qual o problema
nisso? A maioria das pessoas na postagem, no entanto, concordou com ela,
achando um verdadeiro absurdo (quase um crime) fazer isso com um livro.
Em
minha opinião, leitura é vida, e se leitura é vida o livro é o seu corpo. Não é
um Deus intocável, mas algo palpável, que deve ser manuseado e apreciado. Amo
ler, mas não sou desse tipo de leitora paranoica que trata o livro como a joia
rara perdida do Faraó. Livro é sim um tesouro, que deve ser cuidado, mas também
deve ser tratado como algo acessível, disponível, que você possa partilhar com
as pessoas sem que as pessoas fiquem com medo de despedaça-lo.
Vejo nesses
grupos muitas pessoas postando pilhas e pilhas de livros comprados, exibindo-os
como verdadeiros troféus para aumentar seus status de “leitores compulsivos”, e
na verdade, muitos, não leem nem a metade dos que adquiriram. Pra mim, uma
estante cheia não quer dizer nada. Você pode ter uma biblioteca abarrotada, mas
se seus livros estão lá apenas para enfeite, lindos e bem cuidados, sinto
dizer, você apenas jogou dinheiro fora, pois não adianta nada expor lindas
coleções na sala para ostentar um grau de intelectualidade que não existe.
Fora esse lance
das pessoas que “fingem” ser leitoras, tem as que realmente são leitoras, mas
tem uma relação quase psicótica com seus livros. Tipo, não pode grifar, não
pode escrever, não pode usar a orelha, não pode abrir demais, não pode folhear
depressa, não pode emprestar... Ufa! Não sei como pode ler. Para elas o livro é o verdadeiro anel de Sauron. Para mim, livro é para ser usado descaradamente, pegado, folheado, cheirado,
grifado (sim, GRIFADO!), porque o livro conta uma história, mas também faz
parte da história de quem leu. E se aquele determinado trecho mudou o meu modo
de pensar e de agir de alguma maneira? E se eu quiser deixar aquele trecho visível para que
sempre que eu abrir o livro eu possa localizá-lo facilmente? Sim, eu posso marcá-lo e não há nada de medonho nisso. Acho muito legal
pegar um livro e ver um grifo feito outrora. Mostra que ali contém algo que foi
significativo para alguém, que trouxe algum benefício emocional naquele momento
para aquela pessoa.
Livros nos contam histórias e também se agregam às nossas
histórias. Por isso, acho muito válido quando se eternizam com um grifo ou uma
pequena observação escrita. Para mim, naquele momento o livro deixa de ser um
objeto frio e passa a ter uma alma. A alma de alguém que ele conseguiu tocar.
É isso!
..Aline
Teodosio..
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