Um
dia experimentei o ódio, o veneno da alma... Tomava-o em dosagens exageradas e
desesperadas. Quanto mais eu tomava, mais eu queria e mais sede eu sentia. Achava
eu que me envenenando eu derrotava o inimigo. Pura ilusão. Só eu que saía
perdendo nessa história. Estava me corroendo por dentro, peito dilacerado,
amarguras, mágoas, um câncer que se formava dentro de mim. Tentei fingir que
esse sentimento não era importante, que eu era superior. Porém, no fundo, eu
sabia que essa “verdade” que eu tanto queria mostrar não passava de uma farsa.
Precisava encerrar um capítulo e colocar as coisas em ordem. Mas como eu
poderia fazer isso? Pôr o orgulho de lado? Abaixar a cabeça? Não. Eu só
precisava ser mais humilde. Olhar para o outro e ter empatia. Ver que em todas
as situações existem dois lados que devem ser conhecidos e debatidos. Se de um
lado eu sofria, do outro também poderia haver sofrimento. E eu não sou a única
pessoa boa do mundo. Não sou a única com problemas e preocupações, não sou a
única com um coração partido, não sou a única iludida. Percebi então que há
muito mais coisas por trás do meu ego inflado e ferido. E somente depois de
perceber isso tudo é que uma renovação começou a florescer. Há um caminho longo
a ser percorrido. Estou aprendendo e reaprendendo várias coisas. Mas estou
conseguindo seguir de forma leve...
Aline Teodosio
“Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.”