Quisera eu ter o dom Machadiano ou Dostoievskiano da escrita para poder externar todo o amargor pestilento absorvido pelo convívio em uma sociedade doente.
Quisera eu aliviar-me em palavras e esquecer por um momento o quão apodrecidos estão alguns corações, que perecem entorpecidos pelo ódio e pela falta de respeito ao próximo.
Quisera eu abster-me das angústias que consumo dessa sociedade corrupta e inescrupulosa, guiada como rebanho cego, que só aponta erros e não olha para si própria.
Quisera eu, num momento de libertação, transcrever para um papel toda a aflição que me inflama o ser e grita por paz e menos julgamentos vazios.
Quisera eu escrever sem ser vista com estranheza, mas como um ser que tem uma alma ardente de desejo de equidade e justiça.
Quisera eu escrever e fazer com que o outro sinta toda a súplica de uma alma que clama fervorosamente por dias mais amenos.
(Aline Teodosio)